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domingo, 12 de setembro de 2010

"O último templário" - Raymond Khoury

Ficha técnica:
  • Título: O último templário (The last templar)
  • Autor: Raymond Khoury (tradução: Vera Paula de Assis)
  • Editora: Ediouro (2006)
  • Formato: 15,5x23 - 480 páginas
  • Preço: R$ 39,90
  • Nota(de 0 a 10): 7,5

Raymond Khoury
Sobre o autor:
Raymond Khoury nasceu em Beirute, no Líbano, mas com 15 anos mudou-se com a família para Nova Iorque, fugindo da guerra civil no país natal. Após se formar em arquitetura e trabalhar em diversas áreas, Khoury conheceu um investidor de Wall Street, roteirista "nas horas vagas". Incentivado pelo colega, começou a escrever, como passatempo, mas acabou desistindo do trabalho no banco e da carreira de arquiteto para se tornar um roteirista. O sucesso de seus roteiros, tanto em Londres (onde mora) quanto em Hollywood, acabou levando-o também aos livros, a que dedica a maior parte do seu tempo livre. O último templário liderou por várias semanas o ranking de vendas do New York Times e, por enquanto, o autor só publicou mais duas obras: "The Sanctuary" (O Santuário) e "The Sign" (ainda sem tradução no Brasil e, cá entre nós, não dá pra ter certeza se vão colocar "O sinal" ou se vão inventar algo do tipo "busca implacável" ou "à procura de um anjo"... ou qualquer outra coisa esquisita...)

 Sinopse:
"Quatro homens mascarados, montados a cavalo e vestidos de templários invadem a exposição 'Tesouros do Vaticano', no museu Metropolitan, em Nova Iorque, e desaparecem com objetos de valor inestimável, lançando a arqueóloga Tess Chaykin e o agente do FBI Sean Reilly numa aventura que pode alterar o destino da humanidade. Ao encontrarem um manuscrito do século XIII, redigido pelo último sobrevivente da Ordem dos Templários, os dois iniciam a busca de um segredo que, se revelado, abalará os pilares do cristianismo."

Personagens principais (P) ou relevantes(R):
Século XIII:
  • Martin de Carmaux (P): embora seja ele o personagem que dá nome ao livro (ou pelo menos é o mostram os fatos do livro), tendo sido responsável pela sobrevivência dos templários e, consequentemente, de seu grande segredo, Martim aparece pouco no livro. É apenas um cavaleiro que, vendo a morte de cada um de seus líderes, acaba "sobrando", com essa tarefa nada simples;
  •  Aimard de Villiers (R): um dos mais graduados templários, tutor de Martin (e amigo de seu falecido pai). Inicialmente, ele fica responsável por guiar Martin e outros companheiros até Paris e garantir que seus cultos e principais segredos não sejam perdidos após a derrota contra os árabes;
  • Guilherme de Beaujeu (R): líder dos templários nas terras sagradas (Jerusalém). Envenenado por uma flecha, dá a ordem a Aimard para que este inicie a "fuga".

Época atual:

  •  Tess Chaykin (P): arqueóloga que por muitos anos seguiu os passos do pai mas agora, mãe divorciada, trabalha numa galeria de NY e procura ainda sua grande descoberta na carreira;
  • Sean Reilly (P): agente do FBI: solitário, obstinado, protetor, cristão... e o responsável pelo caso "Ataque ao Metropolitan";
  • Gus Waldron, Branko Petrovic, Mitch Adeson (R): assaltantes que participaram do ataque ao museu;
  • William Vance (P): professor e arqueólogo que se aposenta e desaparece misteriosamente. Segundo um amigo, Tess deve procurá-lo para saber informações sobre os templários...
  • Monsenhor De Angelis (P): enviado pelo Vaticano para acompanhar as investigações sobre o assalto.


A história:
(atenção, contém revelações sobre o enredo - spoilers)
A história começa em 1291, quando Guilherme de Beaujeu, um dos líderes dos templários, vê como inevitáveis a derrota na Terra Santa e sua morte, envenenado. Para garantir a sobrevivência da Ordem e a manutenção de seu precioso segredo, ordena que Aimard de Villers fuja da batalha, algo visto com maus olhos por cavaleiros mas prontamente atendido, embora com certa relutância por parte do Jovem Martim de Carmaux. O navio que os conduzia acaba naufragando, levando para o fundo do oceano um baú misterioso. Os sobreviventes do naufrágio ficam então incumbidos de, em grupos separados, levar mensagens codificadas para Paris. Mas na iminência de sua morte prematura, Aimard delega a tarefa a Martin. O jovem cavaleiro acaba sofrendo uma emboscada nos Alpes mas consegue deixar uma mensagem sob uma pedra, nas montanhas, e quando chega à França, muitos anos depois, sua ordem já foi extinta e seus últimos líderes estão sendo executados.

Mais de 700 anos depois, um arqueólogo e professor, William Vance, perde toda a sua fé na Igreja quando acompanha a morte de sua mulher grávida, orientada pelo padre da família a não praticar o aborto, mesmo sofrendo com uma doença muito rara e grave. Após o trágico evento, Vance corta todos os contatos com o mundo e inicia uma pesquisa sobre o "tesouro" dos templários, até que encontra as cartas codificadas redigidas pelo grão mestre Guilherme de Beaujeu. Quando o professor lê a lista de itens em exposição no Metropolitan e vê, entre diversos artigos valiosos, um  "codificador com rotor multiengrnagem", planeja o ataque ao museu (e participa), rouba o decodificador, consegue decifrar a carta de Guilherme de Beaujeu e precisa então desvendar uma charada para descobrir a localização de um artefato importante... alguns sugerem que, por seguir essa "missão", ele seria o "último templário".

Enquanto isso, Tess, arqueóloga que estava ao lado do decodificador quando a peça fora roubada, fica intrigada pelo assalto, quando percebe que o FBI não possui qualquer pista. Com sua experiência, conhecimentos de arqueologia e uma "forcinha" de um amigo que se feriu durante o "evento", Tess associa o ataque ao museu às lendas dos templários. Mas para garantir a conexão, precisa da ajuda de um especialista , por isso, passa a procurar por um amigo de seu pai, o 'desaparecido' professor Vance.
Tanto por curiosidade quanto por empatia, o agente Sean Reilly, do FBI, começa a se interessar pela bela arqueóloga e suas teorias e histórias sobre cavaleiros, igreja e tesouros... e, para desespero do monsenhor D Angelis, o agente acaba investindo na teoria dela e muda a linha de investigação de um simples roubo para um ato religioso ou, no mínimo, ligado à inimigos do Vaticano.

Quando Tess finalmente encontra Vance (pouco depois de conquistar o coração de Reilly) e consegue fotografar as carta antigas que o professor possuía (pondo em risco sua família), todos seguem na busca por um igreja onde supostamente teria morrido Aimard e estaria enterrado um artefato ainda misterioso. Tess entra no avião,contra a vontade d Reilly que, mais pela recente (porém ainda secreta) paixão que pela solução do caso, embarca junto para a Turquia. Enquanto os dois buscam solucionar um charada criada pelo tempo, acabam se entregando aos desejos...

Astrolábio persa do século XVIII
Ao encontrarem a igreja e o artefato - um astrolábio travado na localização do navio naufragado - e também mais uma carta (não codificada) com explicações, o casal é encontrado por Vance e o professor questiona a fé do policial, contando histórias, mitos e lendas que já resultaram na morte de milhares de pessoas, seja a manda da Igreja, seja de seus "inimigos' ou adversários na conquista por seguidores. Ao perceber a dúvida do agente, Tess decide abandoná-lo no meio da floresta turca e partir com Vance em busca do local do naufrágio.

Reilly então é encontrado por De Angelis, na realidade um agente da CIA que trabalha no Vaticano e quer, a todo custo, impedir a revelação da descoberta, mesmo que para isso precise matar Vance, Tess ou qualquer outro, o que gera ainda mais incertezas sobre a fé no agente do FBI.

 Então, quando finalmente conseguem resgatar o artefato no navio, em meio à duas tempestades simultâneas (fato semelhante ao que causou o naufrágio antigo), os barcos de Tess/Vance e Reilly/De Angelis também acabam afundando e o casal vai parar numa ilha grega, arrastados pela corrente. Lá, após vários dias de recuperação, descobrem que o artefato era um evangelho escrito pelo próprio Jesus e, em meio à discussão do que fazer sobre isso, acabam sendo abordados por Vance, que havia sobrevivido e foi parar na mesma ilha, e que acaba roubando os escritos e desabando com eles de um precipício, levando-os ao mar e levando-nos ao fim do livro.

Considerações:
O livro é bom. Quando a gente começa a ler ou só de ver o título, já lembramos de "O Código Da Vinci", de Dan Brown. De fato, o assunto é o mesmo, mas a qualidade, não. Em defesa de Raymond Khoury: sua obra é muito bem escrita, vemos que o autor fez todas as pesquisas necessárias, colocando o tema de forma imparcial (sem preconceitos religiosos, nem como defesa da fé cristã, mas também sem ser um ataque à Igreja Católica) e as informações históricas e/ou míticas são colocadas de forma clara e concisa. Além disso, "O último templário" foi lançado nos EUA 2 anos depois de "O código Da Vinci" (2003), 5 anos após "Anjos e demônios" (2000), os dois romances de maior sucesso (leia-se vendas) sobre esse tema, mas a história do autor libanês fora criada antes e, caso ele tivesse aceito a proposta de um empresário, já teria sido publicada em 1996.

Como as semelhanças são muito grandes, as comparações entre os dois autores ficam inevitáveis. E ao perceber as similaridades, vemos que o livro do autor americano é melhor. Mas, ainda assim, "O último templário" vale a pena. Ignorando as semelhanças, vemos personagens bem construídas e bem caracterizadas. O suspense foi bem trabalhado, não só a respeito dos "artefatos", mas também para revelar as reais participações de De Angelis e de Vance na história. Em nenhum momento ficamos perdidos ou é apresentada alguma teoria estapafúrdia... Toda a história esta interligada, conectada e apresentada de forma coerente, concisa e, principalmente, responde ao "chamado": é divertida e intrigante.

A quem já leu os livros de Dan Brown, recomendo que leia este, sim, mas sem esperar o mesmo nível de excitação e de suspense. A quem nunca os leu, sugiro que leia este aqui antes. Entretenimento garantido e, sem as comparações, poderá apreciá-lo muito mais.

Boa leitura e até a próxima!

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